entrevista joão maurício rosário
inteligência
artificial
Coordenador do Laboratório de Automação Integrada e Robótica do Departamento de Projeto Mecânico
da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o professor
João Maurício Rosário é especialista em automação e robótica. Fez doutorado na Ecole Centrale Des
Arts Et Manufactures, em Paris. O Laboratório de Automação Integrada e Robótica é um dos principais
centros de referência desse segmento no Brasil. Nessa entrevista exclusiva para KAZA, ele nos fala sobre
automação residencial e como funciona seu prestigiado laboratório de pesquisas.
O laboratório de Automação Integrada e Robótica é considerado
um centro de excelência no Brasil. Como vocês conquistaram
essa posição de respeito?
Nós contamos com uma equipe de quatorze pesquisadores no Departamento
de Projeto Mecânico. A maioria em regime de dedicação
integral. Talvez seja por isso que conquistamos prestígio.
Qual a tipo de pesquisa realizada no Laboratório de Automação
Integrada e Robótica da Unicamp?
O Laboratório constitui um grupo de pesquisa na área de automação
predial e residencial. Nosso trabalho é dirigido ao uso de
controladores programáveis e linguagens para implementação de
casas inteligentes com baixo custo. No Brasil estamos à frente
dessa nova revolução.
Que tipo de experimentações são feitas no laboratório?
Desenvolvemos uma planta-piloto para um edifício inteligente. O projeto
é representado através de uma maquete. Nesse edifício de três andares,
todas as portas, janelas e entradas possuem sensores de presença, a
caixa d’água tem sensores para captar o nível de água no reservatório,
há controle de entrada de veículos com guarita automatizada, controle de
acesso aos elevadores e sensores de iluminação. Tudo foi planejado para
permitir o gerenciamento do consumo de energia e evitar desperdícios.
De que forma esse sistema de automação foi planejado para
ter baixos custos e, como conseqüência, preços mais baixos
no mercado?
Nesse sistema de supervisão e controle desenvolvemos um software
que permite o monitoramento dos diferentes sensores através
de uma tela gráfica. Com essa configuração simplificada o sistema
tem a vantagem do baixo custo.
Qual o conceito de uma casa inteligente?
Uma casa capaz de interagir com os moradores e facilitar as tarefas
domésticas. Essa é a visão que temos de uma casa inteligente.
Um espaço que torne as funções do dia-a-dia automotizadas,
como por exemplo o acender e o apagar luzes em horários prédeterminados,
que tenha controle da temperatura ambiente ou
simplesmente acionar o regador de grama no jardim. As opções
de funções podem ser diversas e certamente serão personalizadas,
pois cada família tem necessidades e hábitos diferentes.
Toda casa inteligente será conectada à internet?
Provavelmente sim. A rede interna de toda residência poderá estar
conectada à internet, o que aumenta ainda mais as possibilidades
de interação, sendo possível controlar todos os sistemas
da rede doméstica à distância
por luiz claudio rodrigues
Com design futurista, os interiores da rede de hotéis SILKEN:
Nas fotos ambientes desenhados por Ron Arad
a casa automizada num futuro próximo
O despertador toca às 7h. O sistema integrado liga a cafeteira. Faço um pouco de
hora para levantar, mas às 7h05 começa a tocar uma música agitada no alto-falante
do quarto. Levanto e olho pela varanda: a grama e as flores ainda estão molhadas,
programei o sistema para irrigar o jardim às 6h. A piscina está limpa e com água
transparente e sei que a filtragem e o controle do PH também funcionam bem.
Tomo meu café e saio. Já no caminho penso se liguei a segurança da casa. Pelo
celular, ligo para casa, digito minha senha, consulto informações e ligo o alarme.
Durante o dia espio pela internet como está a casa, vejo meu cachorro no quintal,
bem alimentado pelo sistema automático.
Cansado, voltando do trabalho, tudo o que quero é relaxar. No meio do engarrafamento
teclo o número de casa e programo a banheira de hidromassagem para a
temperatura de 42 graus Celsius. Quando meu carro se aproxima de casa, o chip
localizado no veículo o identifica. Coloco o polegar no identificador de digitais, ao
lado do portão, e ele abre. Os sensores de alarme estão desligados. As luzes até a
entrada da casa acendem. Entro, o portão fecha. Após minha chegada começa a
tocar o CD que gosto de ouvir para relaxar. Coloco uma lasanha congelada no forno,
mas não ligo o aparelho. Vou até a banheira: está cheia, a água perfeita. Mais tarde,
ainda na banheira, pego o controle remoto que comanda a casa e ligo o microondas.
Curto mais alguns minutos de relaxamento. Saio do banho, me visto e a lasanha está
pronta. Janto e vou deitar assistindo a um filme novo, baixado da internet pela casa,
que sabe muito bem o tipo de história que gosto. (João Maurício Rosário)