26 arte carlos von schmidT* “No acervo de uma galeria há um universo ilimitado. Em cada tela, escultura, desenho ou gravura palpitam emoções imensuráveis. Às vezes, no silêncio da reserva técnica, observo essas obras. Cada uma conta uma história que extrapola a tela, a moldura. É quando penso no artista no ato solitário de criar. Sem o qual sua existência não teria sentido. Nem significado. Manet dizia que a única verdade na pintura era pintar de chofre tudo que o artista via. Para Picasso, copiar a natureza era um disparate. A função do artista era recriar a natureza. Klee dizia que o artista tinha que tornar visível o invisível. E para encerrar essas opiniões, todas pertinentes, Leonardo dizia que a arte é uma coisa mental. Acredito que as obras aqui selecionadas, se não foram criadas “no estalo”, são frutos de reflexões posteriores a esses momentos de descoberta, de encontro. Aquele em que o artista vê. Capta. Se o autor não consegue transformar em arte aquilo que viu, que o emocionou, artista ele não é...Não sofrem deste mal os que criaram as pinturas e esculturas que ilustram esta página. Para nosso bem, fruição e prazer.” Raquel Taraborelli: “Dilúvio de cores. Cheiro de terra. Perfume de flores. Sensibilidade a mil.” Da artista, Campo colorido na Primavera, 120 X 160 cm, óleo sobre tela, 2006. “Brecheret, o Brancusi do Brasil. Mais solto, mais livre, tropical!”, segundo von Schmidt. De Victor Brecheret, Nu feminino, 40 x 10 x 10 cm, bronze, sem data. Manabu Mabe, Preto/Azul, 40 x 50 cm, óleo sobre tela, 1988. “Mabe: da terra roxa de Lins para além do tempo e do espaço.” 27 De Aldemir Martins, Gato bebê, 100 X 80, aquarela sobre tela, 2001. “Traduzo Aldemir como cor. Sol. Sal. Alegria de viver! Brasil onipresente.” “Bruno Giorgi, racionalidade expressa em bronze e mármore.” Do artista, Torso feminino com base, 53 X 18 X 12 cm, bronze, sem data. Di Cavalcanti, Natureza morta, 82 X 100 cm, óleo sobre tela, 1964. “Di: por trás da geometria lírica há sempre uma mulata”, lembra Carlos von Schmidt. * Carlos von Schmidt é curador e crítico de arte, professor e escritor.