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Da decoração da sala aos detalhes da mesa bem posta e dos encantos no jardim, a última
feira internacional Tendence foi uma plataforma verdadeiramente cosmopolita em termos de
linguagem e estilos. Sob o signo da diversidade, não tão marcado infelizmente pelo quesito
da inovação (sinal dos tempos?), os generosos pavilhões da Messe Frankfurt apresentaram
ao visitante de olhar mais crítico revival do mais puro “estilo eclético” de decorar, com lançamentos
que deixaram prevalecer, especialmente nos acessórios, os detalhes românticos, os
tons néon- ácidos e os materiais naturais. De um modo geral, os arranjos propostos ditaram
que o branco, o bege, o cinza-prata e o ouro vão predominar na casa européia no próximo
outono-inverno. Em paralelo, os estofados esbanjaram vermelho, violeta e lilás, em meio a
superfícies brilhantes e metálicas que se estendem do living às salas de almoço e jantar. Os
produtos naturais continuam, claro, em lugar de destaque, seguindo de perto a preocupação
do consumidor europeu (em especial o alemão) com o meio ambiente no dia a dia.
a lição da crise
Tudo indicou, em Frankfurt, que um dos reflexos mais evidentes da crise econômica foi gerar
no mercado um consumo mais consciente. Foi praticamente voz geral entre os expositores
de maior porte da Tendence a opinião de que os clientes, hoje, são mais cuidadosos e seletivos
em suas compras.
E o quesito compras, por sinal, foi o mote para a apresentação bem humorada e luminosa do
Estúdio Polka, de Viena, e do Studio Doshi / Levien, de Londres, em instalações que privilegiaram
o olhar apurado de profissionais antenados com o consumo atual. Também como
plataforma para novos produtos de jovens designers, a feira abriu seu espaço já tradicional
para estudantes cheios de boas idéias e soluções originais. Fizeram bonito os estudantes
portugueses, empenhados na boa forma de luminárias com polipropileno; seis designers
holandeses com sua incomum coleção de banquinhos tipo tamboretes; e um grupo da Universidade
de Weimar, com móveis bem bolados para áreas de passagem da casa, como
corredores, por exemplo, aproveitados por estantes e caixas suspensas.
Mas nada superou a intensa oferta de produtos para acentuar o romantismo em salas de
estar e o prazer de curtir a casa entre objetos e arranjos inspirados na natureza. Sinal de que
o mercado está cauteloso e avesso, pelo menos por ora, a ousadias e extravagâncias. K
foto: Pietro Sutera
gaia
exclusividade em sua casa