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Caixa de Pandora

Caixa de Pandora

 

Ao ocupar uma oficina mecânica desativada no bairrode Pinheiros, Sampa, com um enorme contêiner convertido em suíte presidencial, o publicitário paulistano revê os costumes da vida urbana antes de pôr o pé na estrada novamente

 

Por Ricardo Gaioso Fotos por Maria di Pace e Carolina Krieger

 

 

Pensando em alternativas intrépidas do novo jeito de morar brasileiro, jovens têm apostado, com charme e ousadia, em intervenções pessoais no décor urbano. É o toque de exclusividade do DIY (sigla para “Faça Você Mesmo”, em inglês) que propõe a peças de reúso garimpadas em bazares e brechós ou mesmo itens zero bala uma repaginada que se comunica com nossos próprios valores, um híbrido entre souvenirs de viagem, bibelôs da bisavó e sonhos cósmicos. “É uma projeção do meu eixo de referência sobre arte, design e modo de vida”, palavras de Peèle Lemos, publicitário e diretor de arte que decidiu falar não aos imóveis pasteurizados e diminutos de São Paulo para poder construir sua própria história. Que começa em um galpão no Largo da Batata, em Pinheiros, ocupado por uma antiga oficina mecânica. Com olhar afiado, ele desconstruiu o interior do grande bloco que, aos poucos, foi encontrando expressão através de artigos que misturam décadas e estéticas, entre correntes, luminosos vintage, revistas de sebo e caixotes de feira, além da cereja do bolo: um contêiner laranja produzido em escala maior, para servir de quarto do casal. Um oásis pessoal e intransferível que ele criou para si, revestido pelo interior em madeira, além das estampas animais e um toque de natureza.

 

 

 

Cenário perfeito que ele divide com a namorada Yentl Delanhesi, designer gráfica, e com os amigos da dupla, que se reúnem por ali aos fins de semana para tocar música, assistir filme e produzir a melhor arte em sintonia com os novos tempos – desde grafite a colagens e editoriais de fotografia. Em dias úteis, o galpão serve de QG para as noites criativas do time de publicitários às vèsperas da entrega de projetos. “É uma extensão do escritório, quando queremos fugir da rotina e buscar inspiração na coleção de quinquilharias, um exercício delicioso para a equipe”, conta Yentl, em meio aos bonecos de robôs dos anos 1980.

 

 

Sempre com um pé na estrada, Peèle Lemos está reencaixotando a vida. Nova York e Miami são os próximos destinos – quem sabe, em outro vagão descolado. Um lifestyle irrequieto, nômade e cool, em sintonia com a urgência de seu cotidiano.

 

Em tempos de superinformação, a casa é como um santuário das coisas que traduzem nosso DNA. Escolhidas a dedo, as ferramentas constroem o modo de vida da dupla que tira do próprio lar inspiração para o que acontece do portão para a rua. Essa integração entre o modo de vida do morador e sua própria casa dita a personalidade do lugar. Para isso, vale tudo: emoldurar ingressos e bilhetes antigos, os desenhos das crianças, colchas de retalho, lousas de giz e objetos que dão o tom do seu universo. Convidar um visitante para conhecer parte de você através do espaço onde você vive é uma ótima maneira de se apresentar. A palavra de ordem destes tempos é romper. Rompa as paredes que separam tempo e lugar; invista na arquitetura imaginária. Promessa de grandes ideias, novos convites e sonhos realizados.

 

 

 

Escada dobrável Step, design Karl Marmvall, Benedixt, benedixt.com.br. Santa Teresa Nerveux 2013, óleo sobre poliéster, Rodolpho Parigi, rodolphoparigi.com. Abajur Jinn, design Mathias Hahn, La Lampe, lalampe.com.br. Bike Porsche / porsche-bike.com

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