Con te partio
Antes de encaixotar o décor e despachar tudo para o vilarejo italiano de Toddi, para onde está se mudando, Valentino Fialdini exibe o último look de seu pied-àterre paulistano especialmente para KAZA
Por Cynthia Garcia | Fotos Emanueli Zamponi
“Filho de peixe, peixinho é” se aplica ao fotógrafo de arte e de publicidade, Valentino Fialdini, autor de séries cultuadas como “Negativos”, “Lego” e “Cubo”, expostas na galeria Zipper onde fará nova mostra em 2014. “Gosto de fotos grandes, que passam a sensação do real”, diz sobre suas imagens que primam pela perspectiva construída em maquetes. Quando o avô Oberdan Fialdini de família natural da Toscana fechou o frigorífico na capital paulista, os filhos Dan e Romulo foram trabalhar com um amigo da família, membro emérito da colônia italiana, Pietro Maria Bardi (1900-1999), o historiador de arte que fincou o país no circuito das plásticas internacionais ao fundar o Masp.
Hoje, o sobrenome Fialdini é sinônimo de arte e bom gosto. Considerados “crias” do professor Bardi, Dan é escultor, colecionador e exemplo de elegância masculina; Romulo, pai de Valentino, é um dos grandes nomes da fotografia contemporânea e estrela máxima dos registros de interiores no Brasil – suas fotos costumam estampar as páginas da Kaza. Não desta vez, que ganhou o clique do milanês Emanuele Zamponi, que captou o espírito surrealista do apê. Ele é casado com Doris Sochaczewski, empresária atrás da Coisas da Doris, loja nos Jardins que também comercializa online uma variedade de pequenos objetos de decoração amarrados pelo olhar divertido da dona. “Nossa casa é nosso templo”, pontua a ex publicitária, mãe de Bianca e Alice, sobre o estilo de vida nesse lar que tem tabuleta no hall advertindo a todos a deixarem os sapatos do lado de fora para a boa vibração.
Entre obras com assinaturas como Tunga, Nelson Felix, Pablo Reinoso, Roberto Mícoli e Paulo Pasta, estão peças inusitadas. Uma delas, a escultura “Urso” (2008) de Felipe Barbosa, é um bicho de pelúcia explosivo feito de milhões de biribinhas – sim, aqueles estalinhos. “Confinados” (2012) é um delicado vídeo de Carolina Paz sobre rosas que fica rodando em looping. No living, outra paixão do casal, a coleção de cadeiras como as acrílicas de Philippe Starck, Louis Ghost e La Marie; a Butterfly com capa em couro de vaca, design argentino de 1938; um par ao estilo Luiz 16 com almofadas Fornasetti e a surrealista cadeira de madeira com as pernas cruzadas do artista plástico mineiro Luiz Philippe. Entre as brincadeiras colecionáveis estão bonequinhas Blyth, funil com nariz de Pinóquio e uma réplica japonesa da roda de bicicleta de Duchamp, pai do dadaísmo, vertente do surrealismo. No momento, Valentino e Doris estão focados em novo projeto. Em setembro, inauguram a Locanda da Doris (www.locandadadoris.it), uma pousada que tem até bosque com funghi e tartuffi, localizada no vilarejo italiano de Todi, próximo a Perugia, na Umbria, onde dividirão seu tempo. Para Valentino, a mudança também significa a oportunidade de internacionalizar seu trabalho de fotografia. Mas o casal avisa, volta e meia estará entre nós!
