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Artérias urbanas

Artérias urbanas

 

Por Allex Colontonio

 

Materiais à flor da pele, paredes descascadas, móveis autorais e ambientes reversíveis sem nenhuma maquiagem: a equação nua, crua – e sustentável – de Maurício Arruda para o apartamento paulistano

 

 

O primeiro passo foi derrubar quase todas as paredes. O segundo, pintar de branco ou descascar de vez as poucas que sobraram. E assim, o belo piso original de ipê dos anos 1950, época da construção do apartamento de 200 metros quadrados em Higienópolis, contrasta com a poesia concreta do cimento aparente. “Estávamos procurando um imóvel de bom tamanho, com pé direito alto e ares de casa. Acabamos comprando o dos meus pais, que se mudaram para os EUA”, conta o advogado Pedro Ribeiro Braga, 39 anos, casado com a artista plástica e historiadora Cristiane Basílio, 33.

 

“Rolou uma sintonia logo de cara. A reforma fluiu muito bem, pois os clientes são calmos, positivos e abertos. Eles têm uma filosofia de simplicidade que acabou se refletindo no todo”, diz Arruda.

 

 

Além do peeling na superfície, cada veia foi reconstruída: esquadrias, encanamentos, fiações, iluminação. “O endereço é de 1952 e nunca fora reformado. Este trabalho foi feito para durar outros 60 anos. E o conceito de mostrar os materiais como são, exibir o concreto, a madeira, a pedra, sem querer esconder ou disfarçar qualquer imperfeição, tem tudo a ver com sustentabilidade”, diz Arruda.

 

A partir da artéria original, o layout foi transplantado em duas suítes, lavabo, lavanderia e um grande espaço aberto, totalmente flexível, que comporta cozinha, living, jantar/bilhar, home e biblioteca. “Foi uma big reforma no sentido de arrancar paredes, abrir os espaços e torná-los possíveis para qualquer tipo de ocupação, ao gosto dos moradores, principalmente na área social”, continua. Arruda traçou uma grande estante de marcenaria e uma ilha na cozinha, elementos de efeito que estruturam a ala social e são os pontos favoritos dos camaleônicos proprietários com inclinações gourmet – “quando sobra tempo, costumamos amassar o próprio pão e fermentar a própria cerveja aqui em casa”, diz Pedro, que adora receber e curte a liberdade de mudar um móvel de lugar conforme a audiência – ou o humor.

 

 

Maurício logo assimilou esse lifestyle. “Desenhamos centenas de layouts de ocupação. Existem 4 pontos possíveis para instalar o home-theater, por exemplo. No quarto do casal, a cama pode ficar em 3 paredes diferentes sempre com tomadas e interruptores ao alcance”, explica. A mesa de bilhar no meio da sala, que pode ser utilizada como mesa de jantar, é outra tacada de mestre para quem não tem tempo – e espaço – a perder.

 

O décor, simples e descolado como quem vive ali, leva a sério o discurso da reciclagem. “Pedro e Cris já tinham boas peças. Algumas vintages, como o sofá dos anos 50 herdado dos pais, cadeira de balanço Thonet, tapetes orientais e uma linda biblioteca que transformamos em cristaleira. A pedido deles, usamos muitos móveis desenhados por mim nos últimos 2 anos, como a Linha José, cadeira Pallet, luminárias Parente e a mesa Andorinha, com reuso de tampos de granite”, diz Arruda.

 

As obras de arte vão chegando aos poucos, sobretudo fotografias. O trabalho de José Dias Herrera, da Lume Photo, registra a paixão de Pedro pelo futebol, por exemplo.

 

 

“Como todos na cidade, trabalhamos muito e passamos boa parte do dia no trânsito. O tempo livre é dedicado a comer bem, praticar esportes, estar com os amigos, ler. Maurício nos brindou com um ambiente contemporâneo, que exibe materiais naturais ao lado de equipamentos de tecnologia moderna. Chegar em casa tem sido o melhor momento do dia”, arremata Pedro.

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