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Babilônia Gráfica

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No apartamento poliglota do prédio concretista, onde Bauhaus dialoga com o Surrealismo, com o Op e com o Pop, o duo Haron Cohen e Paco Jordan traçou um mapa das artes sem fronteiras

 

Por Patrícia Favalle Fotos por Alain Brugier

 

 

Quando o elevador para no 15º andar do apartamento concretista e os olhos pousam sobre o monumental painel metálico de Maria Bonomi que corre por todo o átrio, sabemos que o que está por vir não pode ser menos do que surpreendente. É numa das regiões mais superlativas da capital paulista que está localizado o apê do arquiteto Haron Cohen e de seu companheiro, o catalão Francisco Jordan, o Paco. O espaçoso layout soma 330 metros quadrados – ideal para abrigar uma pequena mostra do acervo que conta com obras de Nelson Leirner, Claudio Tozzi e Flavio Shiró, apenas para citar alguns dos bambas que sobem pelas paredes dali. “O Haron começou a se interessar por arte aos 22 anos e desde então não parou mais. A sua primeira aquisição foi uma gravura de metal do Mário Gruber. O resultado acena para uma coleção diversificada e com muitos nomes brasileiros, espanhóis, norte-americanos e italianos”, diz Paco, já quase sem sotaque.

 

 

 

Apaixonados também por design e literatura, eles precisaram de paciência até encontrar o lugar ideal. Ainda assim, a reforma levou mais de um ano para ficar do jeito que os novos moradores imaginaram: com ambientes conectados, prateleiras a perder de vista, cantinhos intimistas e uma cozinha industrial. Sim, Paco é um expert entre panelas e temperos, sobretudo quando o menu demanda peixes e frutos do mar. O dinamismo ganha destaque graças à alteração estrutural que se baseou na construção de um bar de concreto aparente – cercado por cadeiras Bertoia – para interligar as salas de jantar e de estar à biblioteca e ao recinto de TV. Outras mudanças aconteceram no hall de entrada, no lavabo e na circulação interna. As portas pivotantes, por exemplo, foram despidas dos batentes a fim de garantir maior consistência à planta.

 

 

 

O bom gosto dos anfitriões está impresso na escolha das peças de linhas intensas, porém aconchegantes. Sofás e poltronas, caso da superconfortável Apple, de Dodo Arslan para a spHaus, além do atemporal conjunto maquinado na Bauhaus – que inclui a quinta cadeira de Le Corbusier produzida no Brasil – têm destaque no décor. Na extensão destinada à leitura, os móveis e a luminária saídos das pranchetas de Vico Magistretti dividem as atenções com as clássicas Saarinen e a poltrona Charles Eames.

 

 

 

Da cadeira Zig Zag, de Gerrit T. Rietveld, e as porcelanas de Piero Fornasetti, colocadas propositalmente no campo de visão de quem chega à casa, à moderna Wassily, de Marcel Breuer, ancorada na suíte principal, o duo não deixou de fora a pitada de brasilidade, que se traduz com expoentes de Sergio Rodrigues. O arranjo fica completo com a multiplicidade ótica que compõe o entorno das áreas privativas, que se abre com o tal painel de Maria Bonomi – aquele da entrada – e avança sobre o neoconcretismo disposto como o eixo central da residência. Um refúgio incontestável das contradições do frenesi metropolitano.

 

 

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