Projetos

Um discurso emocional

 

Juliana Llussá, “marceneira” de mão-cheia, abre as portas do seu refúgio urbano e revela uma intimidade plena de arte, literatura, design e amor – e nada mais

Por Samira Almeida / Fotos Emanuele Zamponi

Um discurso emocional

A arquiteta e designer Juliana Llussá está sempre em busca de renovação. “Quando meus pais viajavam, eu modificava a distribuição dos móveis, tapetes, quadros da sala. Minha mãe sempre gostou e meu pai ficava num misto de surpresa e indignação por eu ter feito aquilo à revelia”, conta, apontando as últimas mudanças em sua própria morada. “A mesa do escritório agora está junto à parede. Coloquei a TV e o tapete e abri o espaço porque assim posso estar com meu filho enquanto finalizo algum trabalho quando é necessário”, diz.

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O pequeno, de apenas um ano e meio, chegou num período de plena transformação, já que o plano de levar a Llussá Marcenaria (há dez anos instalada na Vila Madalena) para o circuito da Alameda Gabriel Monteiro da Silva estava longe do deadline mas, com o surgimento do imóvel ideal, na Rua Joaquim Antunes, a designer decidiu aproveitar a oportunidade.

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Um mês de reformas e o showroom ficou perfeito para receber os móveis assinados por Juliana e a ambientação do Estúdio Manus, amigos e parceiros de longa data. Diferente do novo endereço comercial, a casa em que ela vive com a família e dois cães golden retriever desde 2006 foi acontecendo devagar, construída a quatro mãos, com o amigo José Alves (com quem cursou a FAU). Depois de anos vivendo num apartamento e trabalhando num escritório na Vila Madalena, Juliana notou que o lote vizinho, apesar de estreito (apenas 10 metros de largura) e com uma casa, era exatamente o que ela precisava para morar confortavelmente. Juntou os terrenos, demoliu quase tudo, aproveitou parte do térreo da construção que antes era seu escritório e fez todo o resto, incluindo um andar inteiro e a área de lazer na cobertura – pensada assim, justamente para receber sol em abundância.

Um discurso emocional

Em 250 metros quadrados, Juliana e José Alves ergueram uma casa ampla, integrada, iluminada e cheia de personalidade. Ela conta que o maior desafio foi justamente garantir luminosidade e ventilação natural, já que a construção não tem recuos laterais. “De dia não precisamos acender as luzes e as aberturas são do piso à laje e de uma parede a outra em todos os espaços”, diz. Venezianas de madeira em sistema camarão protegem todo o andar superior e descortinam a paisagem dos arredores.

Um discurso emocional

Assim como a criação da Llussá, o lar da designer tem como características o senso de utilidade, de aproveitamento dos espaços integrados, e o uso de materiais e desenhos que equilibram o rústico, o natural e o industrial, trazendo um mix acolhedor de tijolos aparentes, madeira e palhinha em móveis com a assinatura dela ao lado de ícones do mobiliário internacional do século 20 e peças brasileiras dos anos 1950 e 1960.

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Dentre as escolhas artísticas que trazem ainda mais significado para cada espaço, destacam-se um desenho emoldurado de Niemeyer, fotos do Estúdio Manus e de Daniel Pinheiro, além de obras de Marcius Galan, Camila Sposati e Albano Afonso. As estantes habitadas por diversos romances –Juliana diz gostar de Philip Roth e estar dedicada ao desbravamento de Infância, de Graciliano Ramos – sinalizam o diálogo íntimo ao qual a designer dá vazão quando cria os móveis com rigor formal e funcional para a Llussá e lhes imprime um inventário de emoções infinitas.

Um discurso emocional

Frase:

Rústicos, naturais e industriais, fazem um mix acolhedor de tijolos aparentes, madeira e palhinha em móveis com a assinatura dela ao lado de ícones do mobiliário

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