Projetos

VERANEIO NA VARANDA

 

Debruçada sobre a Baía de Angra dos Reis, casa de veraneio por Paulo Jacobsen

 

POR CYNTHIA GARCIA / FOTOS DENILSON MACHADO - MCA ESTÚDIO 

Veraneio na varanda

Situada no condomínio Porto Frade, essa casa de veraneio em Angra dos Reis, com vista invejável para as ilhas Capivari e Palmeiras, está assentada em um portentoso terreno de 7.220 metros quadrados, bastante acidentado. Construída entre 2005 e 2009, é um projeto de Paulo Jacobsen para o escritório Bernardes & Jacobsen Arquitetura, que soube tirar partido da topografia irregular com desnível de mais de 30 metros ao propor uma estrutura convencional, totalmente apoiada no terreno. Assim como o lote, trata-se de uma casa de dimensões mais que generosas, afinal, são 1.720 metros quadrados só de área construída dividida em três pisos mais o subsolo, todos interligados por um  elevador. “Ao projetar essa casa me senti um alpinista, tentando subir ao máximo para atingir a vista. Utilizamos a arquitetura para fazer isso, e é no pavimento da sala que encontramos o visual ideal”, revela Jacobsen, um dos nomes estelares da nossa arquitetura que soube implantá-la no terreno com extremo know-how, ao mesmo tempo em que criou artifícios que acentuam a fluidez do projeto e burlam a sensação de gigantismo, dando a ela uma escala que não fere a paisagem dessa enseada que encantou os primeiros navegantes portugueses no verão de 1502. 

Além da implantação, o projeto também desafia a máxima “menos é mais”. A frase ficou famosa como sendo de autoria de Mies van der Rohe mas, na realidade, o brilhante arquiteto adotou-a após ler o poema de Robert Browning, The Faultless Painter, sobre o pintor renascentista Andrea del Sarto.  Van der Rohe (1886-1969), Browning (1812-1889) e del Sarto (1486–1530) – artista toscano contemporâneo de Michelangelo e Leonardo –, cada qual à sua época, resumindo, eram admirados pelo bom gosto, daí falarmos neles até hoje. Esses profissionais de outras eras¬ ¬– assim como, hoje, Paulo Jacobsen e seu ex-sócio Thiago Bernardes – são responsáveis por difundir, articular e refletir sobre o que, atualmente, denominamos estilo, termo substantivo quase indefinível que ronda a mente humana desde nossos antepassados que adornavam as cavernas com pinturas – afinal, sempre estivemos em busca do belo.   

No segundo pavimento (ou terceiro andar) é onde se localizam as quatro suítes da família mais a suíte máster, com seus 82 metros quadrados de área total, incluindo banho, closet e dormitório, que ocupa 50 metros quadrados dos aposentos do casal. A suíte principal não possui varanda, mas seus painéis em veneziana reguláveis de madeira se recolhem totalmente, deixando a quina do quarto completamente aberta com uma vista de 180 graus para ninguém botar defeito. É um dos artifícios que dão sensação de fluidez, que mencionei acima. A suíte também não tem sauna. As saunas seca e úmida concentram-se no pavimento térreo, junto da sala de ginástica, onde também se encontram as quatro suítes de hóspedes. Totalizando nove dormitórios na casa, fora os dos funcionários.

Com 200 metros de área total, incluindo a área de “prainha” e ofurô de 3,50 metros de diâmetro, a piscina em toda sua extensão possui borda infinita – nome desse tipo de caixa que parece transbordar e funde a água com a paisagem. Seguindo o desenho do terreno, seu formato orgânico é forrado de pastilha cerâmica Atlas na cor verde Bermudas, que mimetiza o mar de Angra, mais um artifício de fluidez. A piscina ainda possui uma parte que se parece com uma raia olímpica que é, na verdade, um espelho d’água que adentra o living, dando a sensação do mar banhando a sala. É mais um artifício cristalino da visão arquitetônica desse grande profissional carioca para essa senhora casa de praia. 

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