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Casa de pedra

Casa de pedra

 

Os premiados arquitetos do escritório FGMF dão uma cara nada convencional à sede de um escritório de design gráfico, em São Paulo

 

POR FLORA MONTEIRO FOTOS RAFAELA NETTO

 

ELES NÃO FAZEM RESTRIÇÕES AO USO DOS materiais nem às técnicas construtivas, são contrários à aplicação de fórmulas predefinidas e defensores de uma arquitetura plural, heterogênea e dinâmica. Quando Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, a trupe por trás do premiado FGMF – o único escritório brasileiro a ocupar um posto entre os 30 mais talentosos do mundo na seleção da revista britânica Wallpaper –, pegam a régua e o compasso para fazer nascer um novo projeto, pode apostar que dessa prancheta vão sair centenas de boas ideias, dezenas de soluções arrojadas e um desenho pra lá de inovador. “Quem procura o nosso trabalho já sabe que não virá nada tradicional”, diz Fernando.

 

 

Extraída, no ano passado, da cartola dos arquitetos, a nova sede da empresa de design gráfico Casa Rex, no Pacaembu, em São Paulo, é prova ao vivo e em cores da filosofia de criação desse time. “O cliente queria dar outra identidade ao espaço físico da agência, que, até então, era uma residência da década de 1940 com muitas interferências de reformas malfeitas”, conta. Para isso, elementos de obras de infraestrutura foram aplicados ao contexto da construção corporativa: a fachada foi construída com gabião (malha de fios de aço utilizada para contenção de terra nas estradas), preenchido com as pedras arenito vermelho e brita cinza, e a sala principal, projetada com pé-direito duplo e usada de forma comunitária pelos funcionários, ganhou uma enorme estante feita de cubos de concreto pré-moldados (peças empregadas na canalização de córregos), em cujos módulos foram incorporados lances de escada em madeira para dar alcance ao mezanino, onde está a sala do diretor. “Subvertendo a função original dos elementos, incorporamos o discurso do reúso e demos ao escritório um efeito estético diferente”, afirmam.

 

 

Dos 600 metros quadrados de área construída da empresa faz parte o espaço da recepção, integrado a um ambiente expositivo para mostras de trabalhos dos designers. Ali, os arquitetos desenvolveram um verdadeiro trabalho arqueológico. “Realizamos uma extensa demolição para deixar aparente apenas o corpo original da casa. Destruímos o piso e removemos todo o reboco das paredes”, explicam. O aspecto de ruína obtido com as estruturas de tijolo e concreto não revestidas contrasta com o percurso limpo, puro e branco do chão que conduz às salas de reuniões. “Quando pedi para o FGMF fazer um projeto arquitetônico que refletisse o trabalho feito na Casa Rex, sabia que o briefing era difícil, mas confesso que fui surpreendido”, assume o diretor geral da empresa Gustavo Piqueira. “Dizer para quem visita a agência hoje que não somos um escritório convencional e nem criadores de projetos pouco autorais se tornou redundante”, comemora ele.

 

 

 

 

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