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Favela Chic

 

Brincando com as distorções do conceito de “vida simples”, o ácido Guilherme Torres mostra o luxo por trás das matérias mais elementares – com direito a test-drive de alguém que é a cara da riqueza

Por Allex Colontonio / Fotos Alexandre Pirani

Favela Chic

Foi-se o tempo em que o verbete “simples” denotava algo frugalzinho, quiçá inferior. Na vida moderna – e nas pranchetas limpas que seguem o “menos é mais” de Mies van der Rohe, a simplicidade é o grande desafio dos novos tempos. E cada um no seu quadrado, interpreta o conceito com as variações que lhe parecem mais cabíveis. Guilherme Torres, mesmo sofisticadíssimo do prólogo ao epílogo, é adepto da escola simplista das linhas elementares. Para ele, a contenção ecoa em espaços fluidos pontuados pelo melhor da arte e do design. Convidado para projetar nosso Kontainer dentro do espírito simple life da edição, a resposta foi uma equação retrô + futurista com twist irônico – a cara do esteta. “Simplicidade tem a ver com reúso, com a tal sustentabilidade tão teorizada e pouco praticada, com a subversão de formas e afins, conceitos que são, paradoxalmente, grandes luxos contemporâneos”, diz.

Favela Chic

Na prática, a ideia foi concebida meio que como uma “favela chic”, onde três elementos centrais remetem ao universo das comunidades: a poltrona Favela, uma das mais premiadas dos irmãos Campana; o painel de ripas assimétricas de madeira no fundo da cápsula repetindo seu padrão tétrico; e a fotografia da série Invasão, do artista carioca Lucio Carvalho, que propõe intervenções urbanas em cartões-postais mundiais com forte crítica social.

Em primeiro plano, peças autorais: o sofá Pil e a mesa lateral Fruit, ambas traçadas por Guilherme; as luminárias de vidro e a poltrona da coleção Décor Editions, de Judith Pottecher, além do cabideiro de encanamentos da Desmobilia.

Favela Chic

Com um allure de astral e humor, Torres pediu a Val Marchiori que estrelasse o espaço – a empresária-socialite mais pop do Grand Monde paulistano. “Val não tem nada de low, ela é puro high. A ideia foi deslocá-la do contexto de diva do imaginário popular para reinserí-la num décor surreal, como se estivesse dentro da casa do telespectador. Ela atua nesse espaço como ícone de transformação social, que tem a ver com a sua própria biografia e com as possibilidades de evolução de todos”, diz.

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