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Foi na década de 1960 que Mônica Filgueiras começou a transitar no circuito das artes
plásticas. E segundo ela, sempre de forma privilegiada. Com uma história pontuada por fatos
interessantes do vaivém cultural de uma São Paulo fervilhante e mais pacata de mais de
40 anos atrás, Mônica lembra o tempo em que estudava na FAAP. “Estávamos no auge da
ditadura, mas eu freqüentava o ateliê que o José Roberto Aguilar dividia com o Jô Soares
e o Gontran Guanaes, seu professor, na Rua Frei Caneca, onde havia uma movimentação
política. A elite cultural era mais engajada naquela época.” Depois da faculdade ela foi assistente
do marchand Giuseppe Baccaro, que organizava leilões na Avenida Paulista, mais
tarde sócio do galerista Ralph Camargo na Art Art, galeria onde Mônica também trabalhou.
“A Art Art veio revolucionar a maneira de fazer exposições. Tocava-se rock e se dançava
nos vernissages repletos, com mais de 500 pessoas. A Rita Lee não saia de lá. Nós montamos
os polêmicos outdoors de Nelson Leiner e Rubens Gerchman pela cidade em 68”,
conta ela. No ano seguinte, “com um maravilhoso acervo de arte moderna e programação
visual de Ricardo Ohtake, nascia a Collectio, uma galeria que absorveu e movimentou todo
o mercado. Trabalhávamos até 16 horas por dia!” Foram muitos os aprendizados com a
euforia da época, entre convívios com artistas e parcerias marcantes. A maior lição, porém,
foi ter assumido a carreira solo em 1980, inaugurando na rua Haddock Lobo, com uma
individual de Antonio Dias, a Mônica Filgueiras Galeria de Arte. Ela desde então pauta sua
atuação na base da independência. “Só exponho o que gosto. O curador de minha galeria
Com 28 anos de atividade e um calendário de exposições marcantes,
a Mônica Filgueiras Galeria de Arte é referência no hall das
galerias de arte de São Paulo.
À esquerda, graffiti de Ozeas Duarte, 2008:
We go to Play. 90 x 100 cm. Abaixo, de Paulo
Von Poser, Imaginação, 2008: foto-objeto com
ampliação em canvas bordado. 30 x 30 x 30
cm. E adesivos de Danilo Blanco integrando o
espaço da galeria, em 2006.
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Mônica Filgueiras Galeria de Arte
Rua Bela Cintra, 1533
São Paulo, SP, (11) 3082 5292
mofilgue@terra.com.br
À esquerda, em aço corten, peça de Beth Turkieniez: “Tu me ensinas
a fazer renda que eu te ensino a namorar”, 2006. Com 70 cm de
altura e 80 cm de diâmetro. Acima, Reflexão # 241: fotografia de
Raquel Kogan. 2008.
sou eu. Também gosto de trabalhar com artistas que estão por perto, gosto de ir ao ateliê, saber
o que ele está produzindo. Os relacionamentos é que são importantes para mim.”, declara
Mônica, que desde 1994 está instalada em seu atual endereço – espaço branquíssimo, que
reflete um ativo trabalho baseado em acervo, e lugar por excelência de exposições periódicas
de artistas contemporâneos, dezenas deles, “que não só represento, mas sobretudo acompanho
durante todo o processo de criação e comercialização”.
Em seu permanente diálogo com as diferentes formas de arte, Mônica não se atém a tendências
nem a regras de mercado. Forte e antenada, assume algumas posições. “Incomodame
que os jornalistas não venham ver as exposições, pois o artista sente isso. Hoje não
existe mais crítica jornalística de artes plásticas.” Também reclama do descaso em relação à
uma faixa da produção artística: “Existe uma geração importante dos anos 60 e 70 que está
desaparecendo do mercado. O circuito, às vezes, é muito injusto.”
Para este 2008, a marchande já agendou: em outubro, por ocasião da Bienal Internacional
de São Paulo, vai expor uma individual de Florian Raiss, desenhista, pintor e escultor desde
1981 no circuito de São Paulo e Rio de Janeiro. Sobre ele já definiu Emanoel Araújo: “A temática
utilizada por Florian Raiss atravessa o mundo da mitologia grega e romana, valorizando
os corpos humanos tão bem explorados pelos mestres renascentistas. Diante de sua obra
não se pode ficar indiferente à atmosfera que emana do seu discurso de instigantes provocações
psicológicas. Tampouco não se deixar tocar pela sua incansável busca em transparecer
sentimentos e percalços da alma humana.”
O artista Florian Raiss junto a um de seus mais destacados bronzes patinados: Quadrúpede
Daniel, PA, 2007. Para a execução desta obra (1,40 x 1,10 x 0,60 cm), Raiss utilizou
modelo vivo. Na sequência, outros bronzes do artista: detalhe de Variação sobre Jano 2,
2005. E Variação sobre Jano 2, 2005, dimensão 38 x 23 x 12 cm.