sustentabilidade por Maria Claudia Araújo Perassolli
seu escritório
é sustentável?
O interesse pela construção sustentável cresce cada vez mais e os certificados
verdes abrangem desde a edificação como um todo até os projetos de interiores
Construir verde é uma meta global também presente
na construção civil brasileira, que procura cada vez mais
os selos de certificação. No país, o modelo internacional
de certificação ambiental para edificações que vem
sendo mais adotado é o LEED – Leadership in Energy
and Environmental Design, concedido pelo USGBC
– United States Green Building Council, Organização
Não Governamental (ONG) que promove a construção
sustentável. Há inclusive o grupo brasileiro da ONG,
o Green Building Council Brasil, que criou adaptações
das regras internacionais para o mercado interno e o
modo de vida nacional.
Além do LEED, há o modelo francês HQE (Haute Qualite
Environnementale), adaptado para o Brasil sob o
nome de AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e promovido
pela Fundação Vanzolini da USP. E selos específicos
para produtos, como o FSC (Forest Stewardship Council
- Conselho para o Manejo Florestal) para madeiras
de reflorestamento.
Segundo Roberto de Souza, engenheiro e diretor presidente
do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE ),
“a certificação ambiental de empreendimentos avalia
o seu desempenho levando em conta critérios como
eficiência energética, arquitetura bioclimática, uso
racional de água, materiais sustentáveis, conforto no
ambiente construído, processos e tecnologias construtivas
sustentáveis, gestão de resíduos, responsabilidade
social, etc”.
Para receber o LEED, por exemplo, são avaliados 69
critérios e cada um deles vale um ponto. Caso atinja
26 pontos, o prédio recebe a certificação LEED básica,
ao alcançar 33 pontos ganha a prata, e se chega aos 39
pontos, recebe a ouro. A partir de 52 pontos atinge-se
a certificação máxima, que é de platina.
Os três primeiros edifícios no país a receber o LEED
foram o Laboratório Delboni Auriemo com a Certificação
for New Construction e a sede do Banco Morgan
Stanley com a Certificação for Commercial Interiors
(específico para interiores), em São Paulo (SP), e uma
agência do Banco Real em Cotia (SP). Segundo Roberto
de Souza, atualmente o CTE está atuando simultaneamente
em mais de 60 empreendimentos sustentáveis
no País, fornecendo conhecimento técnico para a
obtenção de certificações verdes.
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Madeira certificada
no mobiliário do
Morgan Stanley
O primeiro
A sede do Banco Morgan Stanley foi o primeiro escritório a receber
o LEED Commercial Interiors na categoria Silver na América
Latina, e único até agora no Brasil. O escritório ocupa um
andar e meio do Edifício Faria Lima Square, em São Paulo, e
possui uma área privativa de 2.500m². Com projeto arquitetônico
do escritório Athié/Wohnrath e consultoria do CTE, foi constatado
que apesar do edifício não ser certificado LEED for Core
& Shell, ele possuía uma série de características que auxiliaram
a certificação de interiores, como a localização em região bem
equipada, com infraestrutura, sistema de ar-condicionado com
caixas de volume de ar variável (VAV), etc.
Alguns de seus diferenciais
• Uso e conservação de água: todos os sanitários possuem
dispositivos economizadores de água, mictórios
com fechamento automático, torneiras com sensor de
presença e torneiras gerais com restritores de vazão.
• Equipamentos elétricos eficientes: priorizou-se o
uso de equipamentos elétricos (computadores, monitores
e impressoras) que consomem menos energia e
têm o selo de eficiência Energy-Star.
• Sistema de condicionamento de ar: especificação de
equipamentos com gases refrigerantes de impacto
reduzido na camada de ozônio e no efeito estufa.
• Reuso do edifício: o layout foi concebido de modo
a se aproveitar ao máximo os elementos construtivos
existentes no edifício (paredes, pisos e forros), minimizando
demolições, geração de resíduos e, consequentemente,
a necessidade de novos recursos e materiais.
• Gestão de resíduo de obras: os resíduos gerados
durante a obra foram desviados de aterros sanitários
e destinados para triagem e reciclagem.
• Depósito de lixo reciclável: como o edifício já possui um
sistema de coleta seletiva, foi desenvolvida uma infraestrutura
interna para que todos os resíduos gerados pelo escritório
sejam separados, facilitando a coleta e reciclagem.
• Madeira certificada: os móveis foram fabricados com
madeira certificada FSC.
• Conforto do usuário: o sistema de ar-condicionado é
monitorado para garantir temperaturas confortáveis nos
ambientes de trabalho, e a maioria dos postos têm vista
para a área externa. A proibição do fumo no interior do
escritório e nas áreas comuns do edifício também garante
melhor qualidade do ar para os funcionários.
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