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As bicicletas do Central Park

O apê do designer de bikes Lorenzo Martone absorve toda a luminosidade natural da Big Apple

Por Flávio Nogueira | Fotos Fran Parente

As bicicletas do Central Park

Das inúmeras teorias e debates intermináveis sobre a estética do belo, talvez a do filósofo alemão Immanuel Kant seja a mais aplicada nos dias atuais. Numa síntese digna de Twitter: o julgamento da beleza está acoplado ao sentimento e não ao conceito. Você consegue entender melhor a ideia ao entrar na morada nova-iorquina do paulistano Lorenzo Martone, 34 anos de idade, parte deles passados aqui. Sem firulas ou cenografias, tudo ali é como uma sinfonia afinada e singular aos olhos. O apê está instalado em um prédio de 1927, cravado em uma das históricas ruas do West Village, bairro que já foi o oficial de John Lennon, Bob Dylan e berço da geração beat, onde também surgiram célebres literatos como Allen Ginsberg, William S. Burroughs e Jack Kerouac. Com essa bio, o refúgio parece estar aberto às ideias e à personalidade pulsante de Lorenzo. O décor de perfume modernista com mobiliários de Paul Evans e Paul Mccobb mixa com obras contemporâneas de Takashi Murakami, Cindy Sherman e Terry Richardson, só para citar alguns. Sem contar peças icônicas como um piano Sohmer, de 1942, móveis de pé palito e adornos tão classudos quanto o dono do pedaço. “Na verdade eu mesmo decorei, mas um amigo, o Nate Berkus, que é designer de interiores, deu algumas dicas de antiquários e lojas que foram superúteis”.

As bicicletas do Central Park

Publicitário, Lorenzo também é designer de bicicletas (dos bons) e formado em Master Luxury Brand Management, em Paris. Vive em Nova York há sete anos e já morou no SoHo, Gramercy Park e Chinatown. “Prometi não me mudar mais, mas nunca se sabe”. O câmbio para o atual endereço aconteceu há exatos dois anos. “Sonhava em ter um cachorro e, quando encontrei o imóvel, achei bem tradicional e recém-reformado, foi um casamento perfeito”, conta ao lado de Mia, a cadela cheia de pose da raça Shina Inu. No dia a dia, ele aproveita ao máximo o charmoso West Village. “Adoro o café Clunny e o Waverlly Inn, são meus restaurantes de toda semana”. Falando em restô, concateno se ele cozinha em casa. “Adoro cozinhar, mas meu ritmo é tão alucinante que sempre faço as refeições fora.” As festas por lá são raras, no máximo duas vezes ao ano. “Quando morava num loft em Chinatown dava festinhas para quarenta pessoas, mas acabei sendo odiado no prédio e aprendi a lição. Hoje gosto mais de reunir os amigos para um drink aqui na sala.” Aliás, a rotina dele parece quase insana, a julgar pelo que se vê nas redes sociais: uma semana em Copenhague, outra em Londres e por aí vai. Para marcar essas fotos combinamos num domingo à tarde entre um desfile e outro da temporada de moda inverno 2015, que ele acompanhava bem de perto. “Acordo bem cedo, por volta das 7 da manhã, vou para a academia, em seguida vou para meu estúdio no Chelsea, onde tudo acontece. Quando sobra tempo livre me dedico à Mia, ir ao cinema ou ficar em casa ouvindo bandas inglesas contemporâneas como The XX e lendo meus livros.” Ah, os autores prediletos dele? David Sedaris e Augusten Burroughs. Já deu pra perceber que boas história e inspirações não faltam para esse designer com pinta de galã que vai longe. Dá para entender o Kant?

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