Sua história começa na década de 1960 quando trabalhou com
o italiano Ernesto Haunner, da Mobílinea, no Rio de Janeiro.
Logo em seguida passou a trabalhar com Michel Arnault em sua
Mobília Contemporânea e com o designer Sergio Rodrigues logo
após a sua saída da Oca. Nos anos 1970 vai morar em Milão
para trabalhar na promoção comercial de produtos brasileiros no
Itamarati. Em sua volta ao Brasil, à convite do empresário José
Mindlin implantou e estruturou o Núcleo de Desenho Industrial
da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Junto com Roberto Duailibi, então presidente do Museu da Casa
Brasileira, participa da criação do Prêmio Design do Museu da
Casa Brasileira, ao lado de Dorothéa Werneck e Antonio Sergio
Martins Mello. Em 1996, funda a associação Objeto Brasil –
organização que transita em todos os setores e segmentos da
sociedade ligados ao design e que é a única entidade brasileira
associada ao ICSID (International Council of Societies of Industrial
Design). Em 2008 trouxe para o Brasil o prêmio IDEA. A premiação,
no ano passado, contou com a participação de 53 designers
brasileiros que concorreram com mais de 1500 projetos de 26
países, obtendo 12 premiações. Nessa entrevista exclusiva para
KAZA, Joice fala sobre a identidade do design brasileiro e de sua
percepção do circuito internacional de design contemporâneo.
entrevista joice joppert leal
embaixatriz
do design
À frente do Objeto Brasil e
representante brasileira do prêmio
internacional IDEA (International
Design Excellence Award), Joice
Joppert Leal há mais de trinta anos
vive e respira design todos os dias.
Foto Mila Maluhy
12
25
À esquerda, a luminária Milk Bottle Lamp criada pelo
designer holandês Tejo Remy para a Droog Design. À
direita, cartaz para a Orquestra Filarmônica de São Paulo
desenvolvido pelo designer gráfico brasileiro Kiko Farkas
por luiz claudio rodrigues
13
O design brasileiro tem uma identidade marcante?
Com a globalização o mundo ficou menor. Antes podíamos identificar
um design escandinavo, italiano ou americano. O que se tem hoje
no mercado internacional são produtos com formas bem resolvidas,
um mobiliário com ergonomia, materiais renováveis e recicláveis, pois
a grande questão internacional é o meio ambiente. Diante disso,
o nosso design tem qualidade para estar em qualquer mercado,
mas o que chama atenção em nossos produtos, que é bastante
percebido pelos estrangeiros, é o uso das cores, a preocupação com
a sustentabilidade com peças que estão inseridas dentro do conceito
de ecodesign, mas sobretudo, algo que é percebido com alegria.
Com a globalização como ficam as raízes culturais e os
costumes de diferentes povos?
As fronteiras se diluíram e isso possibilita ver mais coisas, perceber
as diferenças culturais e, então, criamos um repertório mais rico.
Com esse fenômeno podemos absorver e filtrar e são criadas
coisas novas. De certa forma, as raízes culturais passaram a ter
mais força. No caso do Brasil, com o projeto Artesanato Solidário,
criado por Ruth Cardoso, houve uma valorização do artesanato e
da arte popular. Nossos designers estão atentos ao artesanato
brasileiro que tem invenções fantásticas.
Como representante do IDEA no Brasil quais são os principais
critérios de seleção para os projetos brasileiros aprovados
para a competição internacional desse importante prêmio?
O júri do IDEA Brasil é formado por brasileiros e estrangeiros que
analisam todos os aspectos do regulamento do prêmio, como a
questão das matérias-primas e da ergonomia, para citar somente duas
regras. Porém, o que realmente chama a atenção dos estrangeiros é